quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

OBRIGADO 2009


Coisas para compartilhar neste finzinho de ano e agora acho um tempo para escrever depois de dias corridos.


Escrevo do Vale do Pavão, em Visconde de Mauá, na casa de Julio e Raquel Galhardi onde aguardamos o inicio de 2010 nos ares das montanhas, tomando bons vinhos e rabiscando em Carandache.


Começo pelos convites do João Nery e da Cely Mantovani, respectivamente amigos e executivos da Agre e da CEF que me chamaram para participar de dois eventos distintos. O primeiro no Refúgio Cheiro de Mato em Mairiporã e o segundo na Fazenda Hípica de Atibaia. Foi meu começo de fim de ano. E mais uma vez levei a arte Aikido como plataforma para refletir sobre liderança e consciência num clima de celebração e desenho de futuro.



Logo chegou o Natal em família onde ouvimos a 26a. carta de Noel para Marinhos e Buenos. Esta cartinha é uma tradição que minha irmã Noemi herdou e mantém viva enchendo o coração de todos com os melhores momentos do ano de cada um dos filhos, netos, genros e noras de Jose e Myriam, os meus pais. Saboreamos cada palavra da carta sempre lida pela Rita, outra de minhas irmãs. Um momento mágico onde as conquistas e curiosidades de cada um dos membros de uma família é revivido. Logo beijos e abraços, troca de presentinhos de amigo secreto, novamente palavras de carinho entre todos e uma ceia para encerrar a noite.





No dia 25 uma pedalada no lugar da ressaca natalina. Apesar de dormir às 4h00, às 9h00 Daia e eu saimos de casa com nossas bicicletas para nos somarmos ao grupo do Olavo Bikers que pedalam aos domingos e feriados desde 1995. 5km de casa ao FNAC. 33 km girando por uma São Paulo sem carros e mais 5km de volta para o Butantã. Posso dizer e tenho testemunhas que foi o grande batismo de Daia sobre o celim. Yes, she can! E vamo que vamo em 2010.



Antes de viajar para as montanhas do Rio uma aflição: o que fazer com Toró e Ziza? Nossos gatos nunca passaram mais de dois dias sozinhos. Quem para cuidar dos pequenos até o começo de janeiro? Valdomiro! Trabalha no condomínio onde moro e aceitou a tarefa de limpar caixa de xixi, recolher cocô, trocar a água e cuidar da ração dos gatos. Coisa pequena que torna-se grande em época que todos viajam para fugir de São Paulo.


Agora é tempo de dormir até tarde, desenhar sem pressa na varanda, descansar no sofá, renovar energias, rir entre amigos, tomar bons vinhos, fumar bons charutos, falar bobagem, pisar no barro, olhar para o céu, sonhar grande e fazer pequeno.


Desejo a todos que acompanham e comentam as "mensagens na garrafa" deste blog um Ano Novo pleno de tudo aquilo que cada um acredita ser importante para ser feliz.


Beijos e abraços



sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

BONENKAI HARMONIA 2009

Que 2010 seja um ano pleno de ki em todos os sentidos e repleto de tudo que é importante para uma vida feliz. Até breve!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Sixth Sense

Acabo de assistir esta apresentação no TED recomendada pela Paty, namorada do meu sobrinho Marcelo. É um breve fala de Pattie Maes and Pranav Mistry sobre o Sixth Sense. Surpreenda-se e deixe seu comentário.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Círculos de harmonia


Acabo de chegar do Rio de Janeiro com novas histórias na bagagem. O motivo principal desta ida ao Rio, assim como todas as outras idas em 2009, foi o mesmo: treinar bom Aikido sob orientação de Luis Gentil Sensei e estreitar os laços com os amigos do Círculo de Aikido. Ao redor do motivo principal emergem os motivos não principais que tornam a ida ao Rio cada vez mais especial.

Bar Vinte. Ipanema.

No Jardim Botanico fui recebido por Julio e Raquel Galhardi e conheci as siamesas Fiona e Suzy que me lembraram Ziza e Toró. Lá comemos e conversamos muito e também provei de uma cachaça de milho com mais de 40 anos. Literalmente uma senhora cachaça! No Clube Naval fiz sauna com direito a boa prosa na beira da Lagoa e reencontrei o Gil que já apareceu aqui no blog em setembro. Ele é o rapaz que atende no bar da sauna e ama a corrida. Julio e eu decidimos dar uma força e em 2009 ele fez suas últimas provas, entre elas a volta da Pampulha, com tenis de qualidade. No Bar Vinte em Ipanema tomamos o chopp obrigatório para festejar o exame para Nidan do Júlio. No Leme, sob chuva fina e numa praia vazia, um mergulho no mar e boa caminhada pela areia conversando com Luis Gentil. Nas Laranjeiras, almocei com minha irmã Rita e matei a saudade de toda a família comendo delicioso frango ao curry e ouvindo as novidades dos sobrinhos. Quarenta e oito horas de saúde, alegria e convívio com gente querida.

Minha irmã Rita e família. Laranjeiras.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Tintim na Cozinha - A colheita


RECEITA TINTIM (por Mariana Torres)

Reúna pessoas interessadas em passar tempo de qualidade juntas

Acrescente alegria, atenção, cuidado, disponibilidade e fome

Bata tudo com sentimento, empenho, dedicação

Coloque uma pitada de tempero, de imprevisto, de improvisação

Unte a fôrma da razão com emoção e intuição

Despeje a mistura num recipiente do tamanho do mundo

Aqueça tudo por cerca de duas horas e meia...

Voilà!

Tintin: um brinde ao que somos quando podemos ser


Mão na massa, e muita massa na mão.
Risadas e gargalhadas regadas com chuva de farinha.
Expansão dos sentidos, tato, olfato e paladar aguçado.
Pais e filhos, companheiros de vivências e novas experiências.
Fluidez, ritmo, leveza e delicadeza.
Mistura de cores, sabores, olhares e verdades.
Gente criança, jovem, adulto... todos com grandeza.
Hora sem relógio e presença do tempo.
Intervalo vazio de tarefas e pleno de sentido.
Inspiração, celebração, conexão.

Momentos de saúde, paz e amor. Tintim!

Deborah Dubner

Não sei se ainda tá valendo mais dou agora minha parte da colheita:
Vou simplesmente digitar meus pensamentos que já apresentei lá no dia.
Acho que foi uma experiência super divertida que reforçou ainda mais para mim a força do trabalho em grupo.
Já cozinhei muito sozinho e vi como fica mais dinâmico, rápido, menos cansativo e mais divertido cozinhar em um grupo grande.
Até lavar fica gostoso. Bom, foi isso que aprendi nessa aula diferente.

Daniel Bueno



Olhares, trocas, silêncio, barulho, música, brincadeiras....
Momentos do coletivo, momentos do indivíduo
Todos souberam quais eram seus respectivos papéis e responsabilidades.
Colhemos o melhor: comida com amor universal, regados com uma energia incrível.
Obrigada

Daia Mistieri





Todo mundo metendo a colher em tudo...
No som, na comida, na mesa, em detalhes...
Cada um encontrando o seu espaço, todos compondo uma deliciosa massa...
Um olhar diferente para as coisas de sempre: farinha, batata, maçã, farinha
Dá-lhe farinha!
Tempo para saborear a fome, o imprevisto, o cheiro na cozinha
Da combinação de temperos, sugestões, sentimentos e mãos
Boas conversas, risadas e comida boa ao paladar
Corpo e alma bem nutridos
Alimento pra digerir e saborear por semanas.

Mari Torres





Algumas frases na fala de algumas pessoas:

"Tudo fica mais fácil e vai mais rápido em grupo..." Daniel Bueno

"Experiência para sair da zona de conforto conscientemente..." Daia Mistieri

"Quando você entende você aprende" João Pedro

"Em pouco tempo ela [minha filha] já estava sendo ela" Sandra Paz

"Tudo no seu devido tempo, nem rápido, nem devagar, abraçando os imprevistos."



Tenho pensado nessa coisa de pequenas ações para mudar o mundo. Numa semana onde acontecerão conversas de gente graúda em Copenhagem para discutir as mudanças climáticas no mundo, eu resolvi colaborar de um jeito caipira: coloquei um balde no box do chuveiro para aproveitar a agua que cai enquanto o banho esquenta e usar esta água na descarga do vaso sanitário. Uma verdadeira bobagem. Mas eu me sinto feliz fazendo essa solitária economia de água testemunhado apenas pelos azulejos do banheiro.

E na Cozinha do Tintim senti a mesma felicidade entre jovens e adultos numa dança de gestos, risos, ovos, batatas, conversas, farinha, tomates e maças. Diversidade de gente e de sabores. Encontrei as coisas que eu imagino ter no mundo dos meus sonhos. Cooperação, alegria e movimento. E a forma espontânea e livre de participar do acontecer das coisas, com mínimas instruções de um Chef e uma clara orientação do para onde ir foi o bastante para sentir uma alegria silenciosa. E parece que ela circulou entre todos nós.

Traduzimos de modo natural o cuidar do grande cuidando do pequeno em cada gesto na cozinha. E talvez cuidar do mundo possa ser cuidar de cada pequeno pedaço desse mundo, cuidar de cada pessoa que pertence ao nosso mundo e de cada interação que temos com as coisas do mundo. Água, batata ou gente.

Agora e sempre um brinde pela saúde do nosso mundo: TINTIM!!

José Bueno

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Ciclocidade, bicicletada e maratona

Deve ser algum trígono poderoso entre Mercúrio, Júpiter e Marte ...

Na sexta feira participei da fundação da Ciclocidade, uma associação de ciclistas urbanos em São Paulo. Daqui para frente não seremos apenas ciclistas, apaixonados ou ativistas por um cidade mais limpa e com menos carros. A representatividade de uma associação organizada de modo formal foi um passo importante. Me senti orgulhoso em estar lá aprovando a ata de fundação como um dos 100 sócio-fundadores presentes. Esperando o que? Associe-se também: www.ciclocidade.com.br




by Mathias

Mais fotos de Edugreen @ Flickr: http://www.flickr.com/photos/edugreen/sets/72157622880465680/show/with/4135512685/

Na sexta me juntei ao grupo que faz Bicicletada, ou movimento Massa Crítica, como quiser. Cheguei na Praça do ciclista onde é feita a largada na companhia dos meus bike-padrinhos: o João Paulo e a Evelyn, duas figuras adoráveis que fizeram este ano a travessia Berlin-Copenhagem na pedalada. 800 km em 10 dias. Já começa a me dar vontade de pensar num roteiro para fazer no ano que vem. Por hora é pedalar muito e conhecer os roteiros aqui no Brasil e na Europa. JP, Evelyn e eu pedalamos juntos de Pinheiros até a esquina da av. Paulista com a rua da Consolação. Exatamente na hora da largada caiu um temporal e aguardamos parar a chuva para largar. Umas 200 pessoas talvez. O ponto alto foi cerca de uma hora depois: a invasão do Shopping Vila Olimpia, recentemente inaugurado com centenas de vagas para carros e ... sem bicicletário. De repente, estavamos todos no estacionamento vazio do shopping cercados de seguranças que se perguntavam: quem é o responsável por esta zona? A resposta era fácil: aquele ali de bicicleta. Logo fomos embora sem tirar nenhum pedaço e com uma sensação de missão cumprida. Valeu a noite.







No domingo, provocado pelo Pablo sai de casa de manhã para pedalar com o grupo que todo domingo se encontra na FNAC. Choveu muito pela manhã e ainda garoava quando sai de casa. Mas às 9h30 o clima tava perfeito e lá fui eu. Sem o Pablo. Durante o trajeto que durou 42km (nunca havia imaginado pedalar tanto...) entendi o slogan estampado nas camisetas amarelas desta tribo: vai quem quer, volta quem pode! Yes, I can!!!!! Na segunda eu tava moído e até o maxilar doía. Mas hoje é terça e está tudo bem. Especialmente as costas e a bunda.

Osvaldo Stella e Jarbas Agnelli

Foi um privilégio passar 12 horas debaixo de um toró de coisas legais durante o TEDxSP. E sou muito grato a todos que fizeram a idéia de um mundo melhor parecer algo tão perto e tão possível durante cada minuto naquele dia.

Ache uns minutinhos para assistir estes dois videos do TEDxSP.

Para mim, entre pessoas fantásticas, estes dois dão o tom do que aconteceu. Pouco a pouco os vídeos com cada uma das palestras está chegando e é só acompanhar por lá: http://www.tedxsaopaulo.com.br

Espero que curta.

TEDxSP 2009 - Osvaldo Stella from TEDxSP on Vimeo.



TEDxSP 2009 - Jarbas Agnelli: "Birds on the Wires", uma música e sua história from TEDxSP on Vimeo.



Quando eu tinha 14 anos aconteceram duas coisas interessantes. Descobri uma escola de Yoga, o Instituto Narayama e comecei a frequentar a ECA para assistir peças de teatro na EAD onde minha irmã se formou atriz. Isso foi em 1974. Não acompanhei meus amigos do colégio e tomei gosto por teatro, política estudantil, asanas e meditação, vi o Lula parar fábricas no ABC, corri da cavalaria da polícia durante manifestações estudantis e era uma emoção forte acompanhar leituras dramáticas de textos proibidos que tinham palavrão! Pode? Me sinto alguem do século retrasado falando estas coisas mas é verdade. Meu pai tentou me recuperar me oferecendo uma viagem para Disney! Já não tinha mais volta. Queria mesmo era ir para India!!! Nem preciso dizer que não fui nem para Disney, nem para India ... e comecei a sonhar com um mundo diferente do mundo que me ofereciam.

Me formei arquiteto na USP e lá passei os cinco anos pesquisando o adobe, a taipa, as construções tradicionais em arcos e abóbodas, processos e materias construtivos alternativos. Era uma fantasia de estudante que não tinha nada a ver com a arquitetura que se pensava no Brasil. Veja só... Me afastei das pranchetas e tomei o caminho da educação pelo corpo. Me tornei professor da arte Aikido. Fiz do corpo minha linguagem para falar da possibilidade de harmonia em qualquer conflito. Abri um Dojo tradicional e fora do tatame levo para cantos diversos a filosofia e a visão do Aikido.

Fazer parte do TEDxSP e acompanhar cada conversa, cada história e perceber que hoje há uma grande rede de pessoas diferentes, criativas e visionárias me deu uma sensação de conforto imensa. O TEDxSP pareceu uma convenção de pessoas estranhas, relatando o quanto valeu a pena remar para um lado diferente. Se uma multidão navega sem questionar para um único lado isto não significa que navegam para o melhor lado. Talvez estejam todas indo para um grande abismo. Encontrar um time de pessoas corajosas, atrevidas, persistentes e criativas foi um prazer enorme e criou uma rara sensação de pertencimento. Sinto que valeu a pena olhar desde cedo para um outro lado e o TEDxSP revelou que são muitos olhos e corações olhando para este mundo melhor, mais saudável, mais cooperativo, mais sustentável e mais amoroso.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Tintim na Cozinha


No próximo dia 6, domingo, entre 10h e 18h reuniremos jovens e adultos na cozinha para o terceiro workshop do Tintim.

Tintim é um projeto que começou em outubro de 2008 a partir de conversas sobre educação. Foram dezenas de rodadas de diálogo sobre o "como aprendemos as coisas?" e "quais saberes são mesmo importantes para a vida?". O nome Tintim é uma tradução abrasileirada de Teen Team e também o som de algo sendo celebrado.

Depois de muita conversa no Hub e na Ekoa entre pessoas fantásticas temos pouquissimas respostas. Poucas, mas boas! Sem simplificar assunto tão fascinante e complexo, o processo da aprendizagem valiosa, aquela que fica para sempre, tem uma relação direta com um bom clima, um bom solo e cuidados . Assim como na natureza.

Chamamos de clima a atmosfera onde acontece a aprendizagem. Um clima de confiança, respeito às diferenças, liberdade de expressão, alegria, presença, cooperação e curiosidade potencializa o aprender.

Chamamos de solo as experiências vivas. Vivências que envolvem o olhar, o ouvir, o tocar, o cheirar e o saborear. Experiências "mão na massa" que incluem o prazer e o desconforto, gestos simples que fazem a diferença, a dança entre o caos e a ordem, incertezas e muita criatividade.

E chamamos de cuidado o convívio com uma rede de pessoas menos preocupadas em ensinar e mais ocupadas em conviver e fazer junto. Um rede de pessoas que gostam do que fazem e que tem alegria em dividir a experiência de vida. Pessoas curiosas e dedicadas que gostam de aprender e desfrutam deste processo.

Bom, quem quiser participar do Tintim na Cozinha é só preencher o formulário abaixo e clicar em submit.

Contamos com as confirmação das presenças até o dia 3.12, quinta-feira, para facilitar as compras dos alimentos.

Qualquer coisa é só perguntar, ok?

terça-feira, 17 de novembro de 2009

TEDxSP.

O que o Brasil tem a oferecer ao mundo agora?

Teve alguma coisa de Rock in Rio neste evento. Fazia tempo que não sentia a emoção de ter participado de um encontro especial, inédito e mágico. No palco não tinha nenhuma banda de rock pela primeira vez no Brasil. Mas havia uma expectativa no ar desde o processo de seleção de platéia. Os interessados em participar do primeiro TEDxSP responderam, além das questões formais como nome, empresa, cargo e email, o seguinte formulário online:

Cite ao menos um site que nos ajude a entender você melhor :
(seu blog, o site da sua empresa, currículo, artigos ou pesquisas, vídeos, fotos suas ou tiradas por você, seu perfil no facebook, LinkedIn, twitter)
Na sua opinião, o que o Brasil tem a oferecer ao mundo agora?
E você, o que tem a oferecer ao mundo agora?
O que você espera ganhar ao participar do TEDx SP?
O que você tem a contribuir com a comunidade TEDx SP?
Se outra pessoa fosse descrever suas maiores conquistas em até 3 sentenças, o que ela falaria?
O que nós precisamos saber sobre você, que nós não perguntamos?


Fiquei feliz em ter sido selecionado para fazer parte da platéia. O credenciamento aconteceu no dia anterior no HUB. Em cada crachá vinha identificado o nome e a empresa. Como trabalho em vários lugares lá estava na identificação o meu nome seguido das redes onde atuo: Aikido Harmonia, Amana-Key, Palas Athena, Tintim, Ação Harmonia Brasil. E ainda faltou espaço para incluir o SESC, a SOL Brasil e o Aiki Extensions Inc. O que era uma angústia no passado, quase me convenceram que eu era um cara disperso e sem foco, hoje é absolutamente confortável.

No palco, no lugar de guitarras, baterias, teclados e pirotecnia tinha apenas um piano de cauda que foi tocado no começo e no fim do evento por dois pernambucanos, o Vitor Araújo e o Rannieri Oliveira. Durante todo o sábado, uma sequencia fantástica de palestras curtas de 15 minutos, tempo suficiente para se emocionar com histórias e experiências de brasileiros que estão inventando e fazendo a diferença em vários campos de conhecimento. E cada deu a sua visão pessoal do que o Brasil tem a oferecer ao mundo. De Regina Casé a Fabio Barboza. Como Mestre de Cerimônias, Helder Araujo, um jovem com menos de 30 anos que, inspirado pela participação no TED na Califórnia, mobilizou uma incrivel equipe para fazer acontecer o primeiro TED na America Latina. Impecável e respeitosa produção que contou com o apoio do Banco Santander e da Oi.

Se quiser saber mais do evento acesse o site oficial: http://www.tedxsaopaulo.com.br/



Saí de lá orgulhoso de ser brasileiro e estar vivo neste momento da história do mundo. O quadro geral parece ser composto por enormes desafios pela frente, complexidade, modelos econômicos, sociais, políticos, educacionais questionados em todo mundo e em cada mesa de bar, dúvidas e incertezas, desigualdade e violência por todo lado, riscos ambientais irreversíveis e uma pobreza generalizada de valores. O mundo está do jeitinho que o pessimista gosta para dizer que não dá mesmo.

Mas do outro lado tem coisas acontencendo e o TEDxSP juntou uma boa parte destas coisas no Teatro da Moóca. Parte delas estava no palco e outra parte certamente na platéia. E outros muitos mais que não estavam lá. Existem pessoas fantásticas espalhadas por aí e quando elas se reunem o resultado é mágico. O tal mundo melhor está tomando uma cara. Tem muita gente criando, muitos brasileiros motivados em achar soluções novas para os velhos problemas. Tem gente de coração bom, pensando grande, para o bem de todos e gerando resultados extraordinários. E tem alguma coisa do brasileiro que dá cada vez mais para sentir. Um misto de criatividade com inocência, de fertilidade com talento para misturar coisas, de alegria e otimismo, de batucada e esperança. E o melhor de tudo, está dando certo. Sinto que tem muita gente pelo mundo olhando para esse nosso jeito de ser e criar.

E a pergunta fica no ar: o que o Brasil tem a oferecer ao mundo agora?

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Ilusão de ótica

Responda rápido: o que você está vendo?

Pois é. Depois de deixar meu carro na garagem por um mês, tenho adotado a prática de estudar o roteiro dos meus destinos antes de sair de casa. E faço um certo plano que inclui de tudo um pouco. Outro dia fui do Butantã para uma reunião no Hub de bicicleta. O Hub fica na Bela Cintra, do lado centro, na altura do cemitério da Consolação. Sai de lá no fim do dia e tinha um compromisso no SENAC da rua Dr. Vila Nova no centro. Chovia uma chuva fina e já era noite. Estacionei a bicicleta no Estapar do Colégio São Luis, um dos muitos bicicletários gratuitos que tenho mapeado pela cidade. Desci para o centro de onibus em 5 minutos, o mesmo tempo da volta uma hora mais tarde. Voltei a pegar a bike para descer para o Dojo, já sem chuva. Um prazer especial deslizar por uma avenida Rebouças sem muito transito. Por fim, voltei para casa de carona com Daia que passou por lá ao final do treino das 20h e deixei a bike estacionada no Dojo.

Tem sido assim. Um pouco de metrô, bicicleta, caminhadas, onibus, trem, caronas e também, por que não? o uso do carro como uma das alternativas. Não mais a única. E nesse mover pela cidade é claro que piso em calçadas detonadas. Minha sensação é que, fora a rua Oscar Freire, todas calçadas em São Paulo são zoadas. É um chão de ninguém. Ninguém arruma. Alguém vai lá faz um conserto, uma obra, abre um buraco, mexe e depois deixa lá do jeito que ficou. As ruas também não ficam atrás. Em cima de uma bicicleta os buracos e irregularidades da pista ficam 10 vezes maiores e não dá para cochilar. Como nas calçadas, vai tudo muito bem até que topamos com uma cratera. Ou várias. Tudo isso é bom para desenvolver a atenção. Não dá para andar e ficar falando no celular, pensando na vida e desligado do mundo. Tem que olhar com vontade, ficar esperto para não vacilar. Tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo e ausência de atenção é sinônimo de perigo.

A foto acima é na recepção de uma empresa. Uma empresa para quem prestei serviços em parceria com a Bernhoeft, digo Höft Consultoria. Cheguei lá de trem, vindo da Estação Berrini. Uma rápida (e rara) caminhada pela Marginal Pinheiros e logo estava na empresa onde a recepcionista educada me pediu para aguardar no ambiente ao lado com poltronas vermelhas. Relaxei e caminhava em direção às janelas para observar a vista antes de sentar e ...%#@&%!$#$!*&$%#&@!!!! Enfiei a canela numa mesa que apareceu do nada e por sorte não caio de barriga no tampo de vidro preto apoiado na mesa preta sobre o chão preto! Preto brilhante para piorar. Três pessoas estavam sentadas logo em frente, possivelmente preparando coisas para alguma reunião em seguida, e manifestaram um estranho apoio: - Deve ter doído ... E voltaram a conversar entre si. Eu só queria gelo. Lembrei que a canela é o lugar mais desprotegido do corpo. É pele e logo osso. Não tem nenhum recheio que amorteça uma canelada... Ficou amarelo e vermelho na hora. Logo ficou roxo e inchado. Tudo que eu queria era gelo e que trocassem a mesa da recepção. Branca de preferência. Imaginei o que poderia acontecer se fosse uma pessoa idosa. digo, mais idosa. Depois de alguma burocracia para ir para o ambulatório, recebi enorme atenção de todos da empresa. Em especial da Michele, do Felipe, da equipe do ambulatório e de um bombeiro que não sei o nome. Tudo aconteceu em um prédio recém-inaugurado, com muitos ajustes sendo feitos na instalação em novo ambiente. No fundo, é natural que ocorra acidentes pequenos assim. É como machucado de sapato novo.

A curiosidade: me machuquei no momento que relaxei minha atenção. Na rua, entre buracos, lombadas, irregularidades no piso, gente e carro para todo lado e ruídos em geral talvez seja mais seguro que num lugar limpo, silencioso, iluminado, onde não é preciso estar 100 % presente. Sai de lá caminhando, agradecido pelo prestatividade de todos, e seguro em voltar para a rua.



domingo, 8 de novembro de 2009

Dois encontros

05/11, no Best Burger, com alguns amigos do Colegio Sao Luis que se formaram comigo na turma de 1977. Estavam la, Monteiro, o anfitriao da casa, Marjorie, Ricardo e Gloria Brunetti, Joao Duprat e esposa, Ziza e filha, Walter, Eduardo Guedes, Rita Mola e Luciana.


07/11, no Sao Paulo Center, com a equipe da Axialent, depois de uma manha especial de dialogos e interacoes baseados na essencia do Aikido. Gaelle, Boris, Ricky, Silvia, Eric, Val, Fabio, Marcelo e Guillermo. Inspiracao pura.

Pausa (3)



No dia 17 de outubro, Victor Farat (foto) e eu decidimos por em ação a idéia criar um momento na semana para desenhar. Conheci Victor na última oficina sobre o Guerreiro e o Artista - Bun Bu Ryo Do - na Palas Athena. Ontem aluno, hoje amigo e parceiro. Antes de tudo estamos criando juntos um tempo e espaço para o exercício do observar, sentir, apreciar e deixar a realidade tocar nossos olhos e ouvidos. Este momento tem acontecido aos sábados à tarde e os dois primeiros encontros foram na varanda deliciosa do Ateliê Semente Una. Cada um trás seu material, acha um canto para ficar e encontra algo para observar e desenhar. No mesmo ambiente cada um segue sua aventura pessoal. Alguns principiantes começam a criar intimidade com papéis, pincéis e tintas. Outros desenhadores com mais experiência dividem o mesmo espaço e circulam pela varanda dando pequenas orientações. O mais importante é cada um permitir este tempo para olhar e estar consigo mesmo por alguns minutos. Arte e meditação. Observar cores e formas ao mesmo tempo que cada um observa a si mesmo neste gesto de desenhar o que observa. Meditar pela arte.

Todos convidados para o próximo encontro: sábado, 21/11, das 16h às 18h30




Pausa (2)

Sinal Fechado
Letra e música de Paulinho da Viola composta em 1969.

– Olá! Como vai?
– Eu vou indo. E você, tudo bem?
– Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro... E
você?
– Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranqüilo...
Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é, quanto tempo!
– Me perdoe a pressa - é a alma dos nossos negócios!
– Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem!
– Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí!
– Pra semana, prometo, talvez nos vejamos...Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é...quanto tempo!
– Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das
ruas...
– Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!
– Por favor, telefone - Eu preciso beber alguma coisa,
rapidamente...
– Pra semana...
– O sinal...
– Eu procuro você...
– Vai abrir, vai abrir...
– Eu prometo, não esqueço, não esqueço...
– Por favor, não esqueça, não esqueça...
– Adeus!
– Adeus!
– Adeus!



Muitos pensam que a letra dessa música é um retrato da vida urbana na época da ditadura militar brasileira, que no ano anterior tinha realizado o seu pior evento até então ao suprimir os direitos constitucionais do cidadão através do AI-5. A ditadura acabou há tempos e um novo olhar nos mostra que esta obra não foi superada na forma, no conteúdo, na experiência estética e na abrangência de sua letra. Sinal Fechado faz mais sentido hoje do que quando foi composta. A estética fria e tensa não nos é mais tão estranha. É o hino do desencontro, do mundo contemporâneo, das cidades movimentadas, dos sinais fechados sempre presentes que nos forçam a observar as pessoas por dentro dos carros, da vida urbana, da necessidade de se buscar um lugar no futuro. Sinal Fechado já buscava seu lugar no futuro quando foi composta e certamente conseguiu.

FONTE: http://www.paulinhodaviola.com.br/portugues/a_musica/texto.asp?cat=4

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Pausa (1)

- Tudo bem?
- Loucura!

- Tudo bem?
- Correria!

Semanas atrás eu cismei com essa saudação tudo bem? que está devagarinho substituindo o antigo como está? ou como vai você? especialmente na comunicação verbal. Por email também já é praxe começar com tudo bem? mas não vou implicar com esse tudo bem? pois a conversa escrita é outra conversa e o tempo é sempre mais curto mesmo. Me interesso aqui pelo tudo bem? que soltamos ao encontrar alguém. Em outras culturas parece ainda haver um interesse (ao menos linguístico) em saber como está a outra pessoa ao iniciar uma conversa. How are you?, Comment va tu? , Como estas? O genki desu ka. Certo que alguém pode dizer que estas expressões podem ser mecânicas e não haver nenhum interesse genuíno em saber como o outro está. Esse tudo bem? que usamos cada vez mais é uma saudação que dá pouquissimo tempo e espaço para saber minimamente como está a pessoa que acabo de encontrar. Quem não conhece a piada que diz que chato, mas chato mesmo, é aquele que quando alguém pergunta como vai? ele responde! Será mesmo?

Separei algumas respostas mais comuns que ouço e também uso para responder ao tudo bem? e não parecer chato.

1. tudo e aí?
2. beleza e aí
3. indo...
4. é ...
5. loucura e aí?
6. correria e ai?
7. nem te conto.
8. normal...
9. sussa...

Outras?

Tenho tentado recuperar o velho e bom como vai você? e também tento localizar pelo menos uma expressão que traduza com precisão como estou me sentindo no instante que encontro alguém. Cansado. Empolgado. Curioso. Ansioso. Confuso. Feliz. Sedento. Irritado. Grato. Frustrado. Cabreiro. Puto. Calmo. Preocupado. Atolado. Pode ser também um estado misto de tensão misturada com entusiasmo, tristeza com motivação, confuso mas relaxado, inquieto e encorajado. Não ligo em me perceber feliz ou triste, o que tem me interessado é essa pausa para perceber com sinceridade como estou e como estão as pessoas que encontro por aí. E, claro, achar um jeito de subverter essa velocidade maluca que rouba o tempo de ver, de ouvir e de perceber as coisas que estão acontecendo na nossa frente ou ao nosso lado.

Ontem estive no Detran (que hoje está na Av. do Estado) para iniciar o processo de defesa por ter ultrapassado os 20 pontos permitidos na carteira de habilitação. Somei 34 pontos nos últimos 12 meses e isso nunca tinha me acontecido antes. Na minha defesa, escrita ali mesmo, argumentei que meu carro é freqüentemente compartilhado com meu filho Danilo e fui negligente ao não encaminhar no tempo devido as transferências de responsabilidade pelas multas acumuladas. Estourei assim a pontuação. Uns 15 escritórios especialistas em "zerar" a pontuação da CNH me procuraram na semana passada para resolver meu problema. O mais barato me cobraria R$ 500,00. O mais caro R$ 900 em três chequinhos de R$ 300,00... No Detran perguntei quanto custa esse processo. Resposta: nada. Voltei do Detran indignado e orgulhoso.

Na volta, uma parada na av. Paulista para almoçar e visitar amigos na Palas Athena. Conversa boa com Felipe, Flávia e Lucia Benfatti acompanhando tudo de perto. Sementes para germinar em 2010. Uma nova pausa na Estação Brigadeiro para ver e ouvir o que faziam pessoas de jaleco branco distribuindo folders e ocupando uma sala exclusiva junto às escadas. Era uma turma do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo em campanha pela prevenção do câncer bucal. Parei para fazer minha avaliação - tudo ok - e conversei com algumas profissionais que estavam por lá.

domingo, 1 de novembro de 2009

No beef, no beer, no bread

Hoje é 1º de novembro, escrevo da varanda da casa de meus primos Fernando e Nicole, na companhia especial de tios queridos Fernando e Maria Tereza. E começo hoje um novo jogo que irá até o final do ano. Adoro carne, adoro uma cerveja e adoro pão. Não tenho nenhum plano de me tornar vegetariano, abstêmio ou nunca mais comer um paozinho. E tão pouco quero defender alguma causa ou uma dieta BBB. Quero somente jogar o jogo de me descolar de hábitos aos quais me sinto grudado, sentir que tenho escolhas e descobrir prazer em outros lugares.



Sem dúvida a experiência de deixar o carro foi uma inspiração. Abrir mão do carro por um mês não significou ficar parado e não chegar aos compromissos. A experiência abriu uma enorme quantidade de possibilidades e relações que não fazia a menor idéia. Fora as conversas aqui e ali sobre a grande aventura: viver em São Paulo e ser feliz.

Pareceu provocação o nome do restaurante onde fomos comer hoje: O Rei do Filet. Na mesa aqueles pãezinhos franceses, duas picanhas ao ponto e, claro, chopp por todo lado. Tentei me divertir com o molho de cebola e a salada como entrada. Em seguida, dividi um prato grande de abadejo com molho de camarão invisível com meu primo. Para beber, água, gelo e limão e uma caipiroska. O melhor de tudo foi saber que tinha companhia nesse jogo e não sabia. Acabo de ler que somos dois: eu e Claudio de Salvador. Show! E aproveito aqui para propor um dia semanal para relaxar o jogo, ou seja, um dia por semana permitido para o paozinho, a breja e a carne. Pelo menos em novembro. Que tal, Claudio?





Um aluno no Dojo e outro amigo via facebook logo brincou comigo quando soube dos planos de no beef, no beer, no bread me perguntando: no fun? Ao contrário! Lots of fun senão não teria graça. Tudo isso é muito mais pelo prazer que pelo sacrifício. Prazer de me sentir livre e quem sabe lá no final ... no belly!















quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Setembro sem Carro na TV

Aqui está o resultado final da reportagem exibida em 22/09, Dia Mundial sem Carro, na TV Bandeirantes. Espero que gostem.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

United & Gol

Eu não conhecia esta história até assistir estes videos hoje. Já existem muitos outros videos e centenas de comentários e entrevistas com Dave Carroll sobre sua atitude frente à indiferença de uma companhia aérea com seu violão quebrado..

E é isso o que me interessa por aqui. Este movimento que vai além de reclamar e resulta numa ação. Dá muito mais trabalho, exige tempo, ensaio, dedicação, talento, etc.

Gosto de colecionar essas histórias, escritas, ouvidas ou filmadas, como esta de Dave que trata de um jeito criativo de se indignar. No caso de Dave, uma resposta a um tipo de tratamento que conhecemos bem aqui no Brasil.

Neste final de semana estive em Recife para participar do primeiro seminário de Aikido com Luis Gentil na capital pernambucana. Eu parti do Aeroporto Internacional de Guarulhos e ele do Aeroporto Tom Jobim no Rio de Janeiro.

Ambos com passagens compradas pela Gol.

Logo cedo ele me ligou do aeroporto dizendo que não havia reserva alguma em seu nome para o vôo 1798 para Recife. Uma passagem comprada em agosto!Alguns telefonemas e logo descobrimos que "alguém" havia cancelado seu bilhete no dia posterior a compra numa atitude clara de fraude.

A equipe do Aiki-PE não teve outra alternativa senão comprar novo bilhete pela TAM uma vez que a GOL não localizou a reserva e sua passagem sairia duas vezes mais cara que pela concorrente. Domingo ao voltar, novamente a GOL não localizou a reserva e novo bilhete pela TAM foi comprado para garantir sua volta ao Rio de Janeiro.

Nesta segunda-feira os amigos pernambucanos darão início a ações para obter da GOL o ressarcimento das passagens compradas em duplicidade.

A compra da passagens originais foi feita pela internet e pagas com cartão de crédito. Alguma fraude aconteceu e desde já estou curioso em saber como esta história vai se desenrolar.

A solução de Dave para seu problema com o descaso da United foi genial.

Que outras maneiras criativas podemos criar para responder ao descaso, à omissão, ao abuso no trânsito, à corrupção, ao pouco caso com pedestres, etc?



quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Aprender a morrer

A experiência de deixar o carro na garagem em setembro e achar outros jeitos de me mover na cidade, abriu uma avenida de descobertas. Tenho muita coisa para contar e o que me falta é tempo para organizar tudo que ganhou uma clareza maior para mim.

Antes de tudo quero falar de dessa coisa que parece tão simples: mudar um hábito. Deixar o carro na garagem me levou a mexer em outras coisas, por exemplo, o jeito de me vestir. Acessórios que não usava nunca como capa, guarda-chuva, mochila e o chapéu que ganhei da Mariana no meu ultimo aniversário. E passei a usar botas impermeáveis. Visitas ao site do SPTrans para estudar o trajeto e uma espiada no site do Climatempo passaram a ser fundamentais para planejar o dia. Ouvi uma pérola sobre o tempo maluco desta cidade: se você não gosta do clima em São Paulo, espere 15 minutos ...

Quando saio de bicicleta, e isso acontece normalmente às segundas e quartas, o traje é outro. Short almofadado, luvas, capacete, tenis e novamente a mochila onde guardo uma capa de chuva, uma cueca, uma camiseta e um desodorante. Também carrego meu bloco de rabiscos e anotações, uma camera digital e um livro leve.

Para circular a pé, de ônibus ou de bicicleta, o corpo tem que estar em cima. São Paulo tem ladeiras, escadarias, buracos na rua e na calçada, os pontos de onibus não estão na porta da casa nem no lugar exato do destino e deixar o carro de lado envolve ter fôlego e pernas. Para chegar em casa no alto do Butantã eu encaro ou a ladeira ou a escadaria. Já me peguei algumas vezes botando a bike no ombro para subir os 100 degraus da Vila Indiana. Ficar sem carro ajuda a saber como anda a saúde. Logo o corpo avisa como estão os joelhos, a coluna, o coração, os pulmões e a circulação. Acredito que ser sustentável - palavra da hora e fácil de encontrar por aí- começa em cuidar do próprio corpo.

Sem carro encontrei pessoas e lugares nunca vistos, muito mais que os buracos e barulhos da cidade. Isto para mim seria motivo suficiente para deixar para sempre o carro na garagem. Carro demais cega, ensurdece e isola. Entre muitas histórias de encontros e descobertas pela cidade, ontem, num intervalo de duas horas, cruzei com duas pessoas que não via há muito tempo, Thales Trigo e José Passarinho. O primeiro foi meu professor de ótica no cursinho e hoje é dono de uma escola de fotografia em Pinheiros. O segundo, contemporaneo da época da FAU, hoje é consultor da Positioning e conhecido do público em geral pela sua presença em peças publicitárias do Itaú. Encontrei os dois andando de bicicleta por Pinheiros e foram duas conversas diferentes. Uma breve, a outra longa e inspiradora. Na porta da Fnac, conversei com Passarinho sobre várias coisas entre elas minha experiência como blogueiro desde maio deste ano. Terminei o papo encorajado a seguir escrevendo a despeito de achar que ninguém lê o que escrevo. Sério. Tenho a sensação de estar jogando garrafas ao mar ... alguém ai tá lendo?



E o que isso tudo tem a ver com aprender a morrer?

Volto aos insights do Setembro sem Carro. Deixar um hábito é morrer um pouco. E acho que a dificuldade de mudar um hábito pessoal ou social é porque se requer a capacidade de saber morrer. Simples assim: é difícil mudar por que mudar é morrer. Ninguém gosta de morrer, de deixar de lado coisas que fizeram parte de uma vida. Todo mundo fala das mudanças necessárias para uma vida melhor, para uma cidade melhor, para um mundo melhor. Mas quem aceita mesmo o jogo de morrer um pouco? Quem topa deixar na estrada um velho hábito? E quem disse que morrer para um hábito será um sofrimento. Que tal prazer? Um prazer associado a sensação de liberdade e independência.

Quero continuar esse jogo de brincar de morrer um pouco todo dia. Mexer com hábitos como um exercício lúdico de desapego. Uma auto-provocação para procurar outras formas para atender minhas necessidades de comer, mover, relacionar, aprender, divertir, etc. Quem sabe um grande treino para desapego final?

E se subir escadas fosse mais divertido que pegar a escada rolante?


Começo a desenhar um novo jogo: no beef, no beer, no bread. Dois meses deixando de lado três coisas que adoro: carne, cerveja e pão. Simplesmente um jogo de liberdade. Um amigo já reagiu dizendo: No fun? Ao contrário! Lots of fun. No belly!!!! Quero continuar a subir escadas, correr e pedalar, seguir minha pratica de Aikido e chegar aos 50 anos leve. E não vou deixar de comer outras carnes como frango, porco e peixe. Elegi a carne vermelha depois de saber que 1 kg de carne consome 14.000 litros de água para serem produzidos, que a Amazônia esta virando um imenso pasto, que a quantidade de bois ultrapassa o numero de gente no Brasil e que o gás metano do nosso gado polui mais que o CO2 dos carros. E vou deixar as cervejas de lado mas não os vinhos. Deixarei os pães mas não as massas. No fundo a pergunta é: como seria passar dois meses sem estas três coisas? Deliberadamente e com prazer.

Anos atrás participei de uma experiencia única chamada Kyol Che: sete dias de retiro de silêncio. Vaca amarela total! Alguns me disseram: - Ah, se eu fizer isso eu fico louco! Ao voltar minha percepção era bem diferente: fazer isso de vez em quando é uma ótima maneira de não ficar louco ...

Logo trago mais detalhes do novo jogo.
No beef, no beer, no bread. 1º de novembro à 31 de dezembro.

Alguém topa vir comigo?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Ultimos rabiscos


701-10 Butantã-USP


Seu Didi - Mais corrido do que lido


Claudio e Monteiro na reunião da SOL Brasil


Estudo de um sumi-e na Palas Athena


Ateliê Funilaria & Pintura na Vila Madalena


Instituto Paz D'Alma em Joanópolis

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Tintim

Este é o convite para o 2º encontro com jovens para criação coletiva de um programa de educação para a vida. O nome Tintim provém de Teen Team e foi acolhido em português com um significado a mais: um brinde à vida!



Somos um grupo formado por cidadãos e cidadãs com ampla diversidade de formação oferecendo um programa rico em experiências práticas que provoquem o despertar de aprendizagens que sirvam para toda a vida.

O Tintim será um ambiente desenhado para jovens aprenderem com crises, desconforto, diversidade, riscos e alegria. E também uma atmosfera onde cada jovem possa encontrar a própria grandeza de forma que ela nunca mais venha a ser esquecida ou reduzida.

Será um tempo de encontro com as diversas inteligências dentro de cada um. Um tempo para se encantar com a sutileza das grandes coisas e a grandeza dos pequenos gestos.

Será uma jornada de aprendizagens que não são comumente oferecidas nos colégios, nos cursinhos, nas faculdades e tampouco no ambiente de um trabalho "normal". Não queremos jovens preparados apenas para o mercado de trabalho, mas sim para a vida!

Esperamos neste domingo por jovens com mais de 13 anos para enriquecer e construir conosco o Tintim. Serão todos bem-vindos com perguntas, inquietações, incertezas e sugestões.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Permacultura

Escrevo do Terminal Rodoviário do Tiete depois de alguns dias sem escrever por aqui. Estou a caminho de Joanópolis para passar quatro dias aprendendo sobre permacultura. Sempre fui super urbano desde minha infância nas ruas de Copacabana. Vão ser dias de natureza para recarregar a bateria.

Quero trazer fotos e histórias de lá e compartilhar por aqui. E na volta escrevo sobre o balanço final de Setembro sem Carro e adianto que meu carro continua na garagem. Na verdade foi parar na oficina para uma geral. A bicicleta entrou na minha rotina e quero também escrever sobre a reunião no Palacio dos Bandeirantes onde ouvimos o projeto do governo para ciclovias nas marginais.

Muito em breve trarei também notícias frescas sobre o projeto Tintim que tem nova reunião marcada para o dia 18/10, domingo à tarde, no HUB em São Paulo. É o segundo encontro para avançar a co-criação de uma jornada de educação para a vida: arte, comunicação, ética, humor, consciência, diversidade, coragem e outras coisas mais que fazem real diferença num processo de formação. Aguardem!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ciclovia na Marginal Pinheiros


IMG 02bFonte: Fundação Aron Birmann

Uma discussão está sendo retomada sobre uma possível ciclovia na Marginal Pinheiros. Logo mais, às 14h30, haverá uma reunião no Palácio dos Bandeirantes onde o governo apresentará um projeto de ciclovia na Marginal Pinheiros, aproveitando a faixa já existente na margem próxima ao trilho do trem. [Eu vou].

Em 2006, um projeto foi elaborado pela Fundação Aron Birmann e entregue à gestão doPomar Urbano (antigo Projeto Pomar). A proposta inicial do projeto de 2006 era de criar um circuito, chamado Circuito dos Parques, com 22 km de extensão, formando um parque linear, integrado ao Pomar Urbano. Este circuito previa a conexão com outras ciclovias, por exemplo, a ciclovia da Avenida Faria Lima. Considerando os 10 km (in)existentes da ciclovia na Faria Lima, o circuito completo seria de 34 km*. Os acessos à ciclovia no projeto foram previstos nos seguintes pontos (vejam os pontos no mapa): Parque Vila Lobos, USP, Shopping Morumbi, Parque Burle Marx e Shopping SP Market. Também estava contemplado a integração às passarelas de três estações da CPTM: Santo Amaro, Pinheiros e Cidade Jardim.


O valor estimado para este projeto, incluindo as obras de interligações e gerenciamento, é de 19,5 milhões de reais, com prazo estimado de 12 meses para a finalização da obra da ciclovia.

Segue alguns arquivos sobre o projeto:

- Apresentação de trabalho de alunos de Gestão Ambiental da USP sobre a ciclovia
- Mapa original da ciclovia
(Fundação Aron Birmann, 2006)

Agora vamos ver qual é a nova versão deste projeto pelo Governo Serra. Fica aí o convite:

Reunião sobre ciclovia na Marginal Pinheiros
Quando: Segunda-feira, 5 de outubro, às 14h30
Onde: Palácio dos Bandeirantes – Av. Morumbi 4500 – Sala de Imprensa – 2º andar

Outros links:

- Projeto no site da Fundação Aron Birmann
-
Texto: “A Ciclovia da Marginal Pinheiros, finalmente” (André Pasqualini)
- Notícia: “Ciclovia na Marginal vai ficar pronta em fevereiro” (Jornal Destak no portal do Nossa SP)
- Notícia: “Marginal Pinheiros, em São Paulo, terá ciclovia de 22 quilômetros de extensão” (iG)
- Vídeo: “Ciclovia do rio Pinheiros” (Renata Falzoni)



FONTE: http://ecourbana.wordpress.com/2009/10/04/proposta-de-ciclovia-na-marginal-pinheiros/#comment-1317