sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Noel e Noemï


O Natal lá de casa tem um quê especial. Além de reunir toda a família
para uma noite de ceia, conversas e troca de presentes cultivamos
um momento que é aguardado por todos: a leitura da Carta de Noel.
Minha irmã Noemi é quem escreve por Noel há vinte e seis anos.
Todos se espalham na sala principal da casa dos meus pais. Rita,
minha outra irmã, cuida da leitura da Carta. Ao redor dos meus pais,
José e Myriam, toda a família se acomoda pelas poltronas, sofás e
almofadas. É o nosso momento mais natalino.

Uma bela constelação de filhos, netos, bisnetos, genros, nora e
agregados. Acomodados e ansiosos em ouvir a Carta de Noel,
percebemos por um momento nosso arranjo familiar e sua
diversidade. É Natal. Com essas palavras Noel começa a se dirigir a
essa constelação iluminando alguns momentos do ano de todos nós.

Relembrando as experiências mais importantes em nossas vidas
Noel nos envolve com sua elegância e humor. Sua mensagem de
Natal narra as pequenas conquistas, os acidentes, as descobertas,
as tristezas, as viagens, os casamentos, as separações, os primeiros
passos, as perdas, a esperança, os medos, os mistérios, as alegrias,
as travessias, as travessuras, as mudanças, as incertezas, as paixões
e os nascimentos.

Não há grande ou pequena história na carta de Noel. As experiências
mais banais revelam-se extraordinárias. As grandes realizações
mostram sua efemeridade. Não há competição. Cada episódio vivido
é relembrado por Noel como único e precioso. Para todos. Assim a
vida dessa família tem sido escrita e preservada a cada Natal. Sentar
num canto da sala para ouvir a Carta de Noel é o presente que mais
aguardo.