terça-feira, 19 de outubro de 2010

Deixa quieto ou não?

Passei o último domingo de manhã pedalando em Sampa. Foram cerca de 50 km que incluiram toda a ciclovia do rio Pinheiros na volta. Daia me apanhou de carro na padaria Art Pão, onde o grupo do Olavo Bikers termina o passeio. De lá demos uma passada no Sacolão para umas comprinhas. Estacionamento lotado. Um dos carros estacionado sobre duas vagas. Paro em outro lugar. Encontro a dona do carro chegar.

- Senhora, desse jeito que estacionou ninguém consegue parar na outra vaga.
- Eu parei assim por causa do outro carro (?) da próxima vez paro em cima do seu! (!!)
- Senhora, não é legal usar duas vagas. A senhora está errada, da próxima vez use só uma vaga.

Já estava longe quando ouço alguém gritando comigo. O marido dela surgiu para defendê-la. Volto e repito que não é certo ocupar duas vagas num estacionamento público. Ele fica puto. E a indignação mudou de lado. Agora é ele que está indignado com minha observação. Fiquei animado a levar essa conversa até o final, ouvir o argumento do casal, das pessoas ao redor ... mas a Daia e outro cliente me convenceram.

- Deixa quieto!

Ok. E entramos para fazer nossas comprinhas. Mas fiquei pensando num tipo de bilhete educativo para colocar no vidro desses carros que acham normal ocupar duas vagas, parar em vagas de deficientes, de idosos...

Idéias?

14 comentários:

Luiz de Campos Jr disse...

'oi, dá próxima vez que vier me liga! eu venho te ajudar a estacionar fone: (0XX11)...'

Bike Sem Limites disse...

NÃO CRIE PROBLEMAS PARA OS OUTROS PARA RESOLVER OS SEUS.

Um abraço.
Cláudio

Daia Mistieri disse...

Zé, tentei postar comentário no blog duas, mas não consegui. Então escrevo por aqui. O "Deixa Quieto" meu ou do camarada que por lá apareceu, não foi de indiferença pelo acontecido, mas sim porque o marido da mulher não queria dialogar, ele... queria brigar com você. Nunca sabemos o que vem do lado de lá e agressividade não leva nada a lugar algum.
Minha indignação pela falta de respeito é imensa. Ver um cara que estaciona em cima da linha que divide as duas vagas para deficiente/idoso é imensa. O deixar quieto é pela segurança e não pelo fato desrespeitoso que vivenciamos. Bj

Terê. disse...

"NÃO CRIE PROBLEMAS PARA OS OUTROS PARA RESOLVER OS SEUS."

olha só, o que o colega disse em seu comentário! já pensou se todos agir assim.indiferente, ao mundo em sua volta, achei uma colocação infeliz, vc está certissimo, pois se o espaço é público não podemos ocupar duas vagas com o mesmo carro, meu Deus acorda gente!sem falar que o muvdo é nosso não meu!!!um forte abraço tere.

Daia Mistieri disse...

Tere, desculpe minha intromissão, mas eu que tive que reler a frase várias vezes, e talvez tenha conseguido entender.
O Claudio deve ter dito que um motorista que tem este tipo de comportamento, ou seja, estacionar em duas vagas, resolve apenas o problema dele sem pensar no que causa para os outros.
E não o contrário.

Abs

Terê. disse...

esqueci ! tem coisas na vida que não podemos deixar quieto, essa certamente é uma delas,bjus tere.

José Bueno disse...

concordo com a daia e acho que esse comentario do bike sem limites tem mais a ver com o ato de estacionar em duas vagas que qq outra coisa. espero. senão ele tá me provocando :/

mori, o deixa quieto foi ótimo e o resto do domingo também :)

o argumento deles era que algum outro carro teria parado de um jeito que eles não conseguiram parar numa só vaga, que "tiveram" que ocupar duas vagas...que o problema é de quem começou não de quem continua ... estou só divagando sobre essa percepção de que ser apenas mais um não é um erro, um problema, é justificavel até... que o responsável é aquele que começou não quem continua ...isso parece ser mais uma cultura e não só uma opinião pessoal, assim como deixar quieto também parece ser uma decisão social.

Terê. disse...

vejam só que coisa mais linda, é a leitura feita de modos diferentes, amei todas as colocações. isso nos mostra .o porque essa senhora colocou o carro dela em duas vagas vai ver que ela achava que estava certa,,ou que tinha direito as duas vagas, rs.,amigo agora não da mais pra ficar quieto, mesmo porque vc já se manifestou, quero dizer também que não é intromissão querida daiane. é sua opinião, beijos aos dois ,daia, e zé, pode não ter importancia mais amo vcs,tere.

Antonio Goper disse...

olá
li os comentários e fiquei pensando que em se tratando de uma relação entre dois consumidores em um lugar privado, e não público, entendo que o mais adequado seria acionar o responsável pelo estacionamento para equacionar a questão. e me pergunto qual será a razão de as vezes nos expormos em situações de confronto pessoal para resolvermos pequenos problemas do dia a dia, seja no banco, no trânsito, por exemplo . acho isso diz respeito ao abandono que vivemos no dia a dia da coisa pública e que nos deixa expostos a situações de confronto pessoal.
entendo que devemos nos cuidar para evitar que um questão menor não se transforme em um grande problema.
abraços saudosos.

Bike Sem Limites disse...

Gente, não imaginei que a minha frase ia causar polêmicas. Vou inverter a frase para ver se acaba o mal entendido: RESOLVA OS SEUS PROBLEMAS SEM CAUSAR PROBLEMAS AOS OUTROS.
O que eu quero dizer na verdade é que a moça estacionou o carro de qualquer jeito, sem levar em consideração que estava tirando a oportunidade de outra pessoa estacionar. Espero ter deixado claro agora a minha verdadeira intenção por trás da frase.
Um abraço.
Cláudio

Bruno Chenque disse...

Que situação chata, hein. Concordo com o Antonio.

Não sei se o caminho é explicar que a pessoa está errada ou "deixar quieto".

Se a pessoa não quer ouvir e acha que está certa, não vai adiantar falar nada.

Talvez a melhor coisa seja darmos o nosso exemplo e torcer para que ele seja visto.

José Bueno disse...

estou achando toda essa conversa boa pois aflora sentimentos diferentes sobre assuntos que vivemos no dia a dia.

claudio, adorei tua frase e até o fato dela gerar leituras diferentes. tudo é muito sutil e a maioria de nós faz uma leitura rápida sobre as coisas. e talvez muita confusão comece nesse nosso jeito acelerado de ver e julgar as coisas.

concordo que tá todo mundo pilhado, falta um senso de convivência urbana e acrescento que os carros nos embruteceram demais.

antonio, eu vou levar adiante esta conversa com o gerente do sacolão embora ache que estabelecimentos não gostam de criar problemas com seus consumidores. vamos ver.

o mais legal é uma conversa que emergiu a partir desse episódio. estou trocando idéias com um designer onde pensamos a criação de uma peça educativa para estas ocasioes ... aguardem!!!

goper san!!! tô te esperando no dojo, por onde andas?

Unknown disse...

Poderia colar na traseira do veículo da pessoa um adesivo com os dizeres: SOU MAL-EDUCADO MÊMO!!! RECRAME PRA MINHA MÃE..."

Unknown disse...

Olá, Bueno!

Legal esse post, pois é algo que acontece com todo mundo, não é?! Acho legal parar e questionar o que está acontecendo, mas nem sempre temos tempo. Acho que sua postura foi adequada.
Como comentaram antes, acho que seria bom chamar uma pessoa do estabelecimento comercial para "mediar" o diálogo. Quando trabalhei em um hotel, coisas assim aconteciam e várias vezes o meu chefe ia lá "apartar". Aí eu pensava que os "adultos" continuam com aquela atitude horrível que algumas crianças têm: "não fui eu!" ou "ele quem começou!". Talvez lhes falte a noção de que tudo está conectado, uma ação leva à outra...
A respeito do adesivo, acho que o legal seria usar alguma imagem, pois é mais impactante e rápida de entender. Ou algo no estilo "terrorismo poético" (gosto dos lambes do Maicknuclear).

Algumas sugestões de ações:

- uma notificação de autuação adesiva e no adesivo você preenche à caneta qual foi a infração, tira foto e publica em redes sociais com a tag #respeitosim #desrespeitonao

- inventar uma rima carnavalesca e cantar pro infrator

- quando for dialogar com o ser pedir pra alguém filmar e depois colocar nas redes sociais

Tem um grupo de jovens militantes chamado Levante Popular da Juventude e eles fazem "escrachos". Basicamente são ações não-violentas de denúncia pública de caras que torturaram durante a ditadura e continuam impunes. Grupos vão a suas casas, levam cartazes, fazem encenações, cantam músicas... É claro que o caso cotidiano que vc vivenciou é diferente, mas... fica a dica ˆˆ