Faz alguns dias que não escrevo minhas coisas por aqui. Andei desanimado em compartilhar pequenas alegrias e conquistas numa época de muita dor e tristeza pelo mundo. Falo da tragédia no Haiti, da destruição de São Luis do Paraitinga e das chuvas e enchentes que nos castigaram por aqui.
No dia 19, acompanhei ao vivo a apresentação dos resultados da pesquisa do IRBEM - uma iniciativa do Movimento Nossa São Paulo - que trouxe informações precisas e preciosas sobre o Bem Estar do paulistano. Lá percebi o tamanho da doença da nossa cidade. Numa leitura rápida nota-se que o paulistano está satisfeito no ambiente doméstico, entre familiares, amigos e animais caseiros e infeliz da porta da casa para fora. A pesquisa mostrou nítida insatisfação da grande maioria da populaçao com as coisas da vida urbana: a locomoção pela cidade, o lazer, o acesso à cultura e a informação, a qualidade de vida, a saúde, a segurança, o meio ambiente, etc. Não é a toa que a pesquisa revela que 57 % dos paulistanos sairiam da cidade de pudessem. Se alguém trabalha ou vive num lugar que iria embora assim que pudesse, que qualidade esperar dessa relação? Que dedicação e comprometimento esperar de quem pensa todos os dias em ir embora?? Mais uma vez fiquei jururu vendo e ouvindo coisas que fazia uma certa idéia, mas agora a suposição ganhou clareza. Um exemplo: você sabia que 30 % dos jovens entre 16 e 24 anos na nossa cidade não estão nem na escola nem trabalhando? Que tal? Ouvi a expressão "bomba-relógio" para traduzir o que isso significa numa cidade da escala de São Paulo...
Em meio a este clima cinzento, começar o ano feliz e cheio de entusiasmo me pareceu ser quase uma violência no meio em que vivo. Faço parte daquela fatia fininha da população que aprendeu um jeito de viver bem numa cidade dura e perversa como São Paulo. Meu pai foi meu primeiro mestre. Filho de uma familia simples em Matão ele correu atrás e conseguiu ir muito além de seus irmãos e irmãs. Abraçava cada oportunidade como um tesouro único. Aprendi com ele a correr atrás e valorizar cada oportunidade de crescimento. E sigo correndo em várias direções, vivendo a vida com entusiasmo mesmo sabendo que esse entusiasmo não é geral.
Nestas primeiras semanas de janeiro, dentro do projeto SESC Verão, conduzi oficinas de filosofia e prática do Aikido nas unidades Paulista e Pinheiros. Turmas distintas e muito especiais. Poucos encontros e suficientes para viver enorme empatia com cada um dos participantes das oficinas. Em fevereiro darei continuidade aproximando a harmonia do Aikido à harmonia de outras artes como a poesia hai-kai, o pintura sumi-e e a flauta shakuhati. Aikido e arte para integrar assertividade e poesia na nossa vida.
Sigo pedalando cada vez mais em São Paulo e começo a sonhar com pequenas viagens e trilhas. Entre ontem e hoje, um domingo e um feriado, foram quase 100 km de pedal, boa parte como o grupo do Olavo Bikers. No SESC, participei de um encontro com Arturo da Escola de Bicicleta que abordou as várias nuances do que é ter uma boa bicicleta e detalhes sobre sua manutenção. O amor do Arturo pelo pedalar é algo fascinante e já me contagiou.
Nos próximos dias estarei fora de São Paulo. Aproveitei uma mega-oferta num site de passagens promocionais e arrematei bilhetes para Manaus por R$ 300 em 6 parcelas. Ida e volta!!! Por esse preço, e aproveitando o momento de férias da Daia, inventei uma pausa para conhecer um pouco da Amazonia. Serão dias de passeio por Manaus, por cachoeiras em Presidente Figueiredo e quatro dias de navegação em um pequeno barco pelo Rio Negro. Espero logo trazer para cá algumas boas histórias e alguns desenhos. Aguardem.
domingo, 24 de janeiro de 2010
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